segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Dica de Leitura: Exilados por Amor e Jornada dos Anjos


As nossas aulas de Aprendizes nos trazem à tona muitos questionamentos, dúvidas e esclarecimento. Porém, para mim, a melhor forma de aprender sobre a temática espírita é pelos livros. 

Indico nesse post dois livros de Lucius, psicografados por Sandra Carneiro, que me envolveram profundamente e pelos quais fiquei realmente surpreendido. 


Os dois livros retratam a história de espíritos do orbe de Capela que são exilados na Terra. Iremos conhecer no primeiro livro, Exilados por Amor, os bastidores espirituais de momentos cruciais que marcaram a história, iniciando pelo expurgo desses espíritos de Capela, passando por reencarnações no Egito das pirâmides até momentos vivenciados por espíritos próximos do nosso Mestre Jesus.


O segundo livro, Jornada dos Anjos, alcança os dias atuais no turbilhão dos acontecimentos que envolvem este período de transição da Terra, que passa de um mundo de provas e expiações para um mundo de regeneração. 


A leitura desses livros nos afirma que o  verdadeiro progresso da humanidade repousa nas mãos daqueles que amam. Enfatizando que somos senhores de nosso destino e herdeiros de nossas escolhas, Lucius nos convida, através deste impactante romance, a refletir sobre a valiosa oportunidade que temos nesta decisiva encarnação. 


Boa leitura!



Os 10 Mandamentos

A aula do dia 04/10, exposta por Catarina, falou sobre a primeira revelação espírita, que é o recebimento por Moisés dos 10 Mandamos.

Abaixo está um texto que nos ajudará a ver uma outra perspectiva sobre o tema.

Os amigos espirituais não poupam esforços para nos trazer informações que possam nos auxiliar no processo de evolução e expansão da consciência. Há alguns dias, através de um sonho, um orientador falou-me sobre os dez mandamentos da Lei Divina. Segundo ele, a humanidade ainda não atingiu nem um décimo da compreensão necessária para viver de acordo com essa Lei. Mostrou-me aspectos que, para ser sincera, eu nunca havia entendido daquela forma. Terminada a exposição, disse de forma incisiva: “Passe a informação, essa é sua tarefa”. Ponderei que há várias versões dos dez mandamentos, mas ele respondeu que o importante era a essência, não a forma. Acordei e, ao contrário do que geralmente acontece com os sonhos, lembrava-me de cada palavra.



I - Amar a Deus sobre todas as coisas.
Se perguntarmos a qualquer pessoa que acredite em Deus se ela O ama, com certeza dirá que sim. Mas o que sabemos de amor? Para a maioria de nós, é uma ideia vaga, abstrata. Amar inclui confiar, respeitar, harmonizar-se. Amar a Deus sobre todas as coisas inclui, com certeza, aceitar Suas decisões com tranquilidade, sabendo que Seu amor por nós é infinito e Suas decisões são sempre o melhor para nós.
No entanto, estamos longe de vivenciar essa aceitação. Ao menor aborrecimento, ficamos revoltados. Reclamamos de tudo o que não é exatamente como gostaríamos que fosse. Entramos em desespero, em crises de depressão, vivemos preocupados, estamos quase sempre reclamando, aborrecidos,  mal humorados. Não percebemos a Presença Divina em nós, o dom da vida, as bênçãos que nos cercam e vivemos descontentes com a aparência física e com as limitações que são, com certeza, nossa oportunidade de crescimento. Não percebemos a Presença Divina no outro e vivemos em conflito, numa incessante guerra de egos.
Deus é onipotente, onipresente e onisciente, ou seja, tem todo o poder, está em toda parte e sabe tudo. Se realmente entendêssemos isso, não teríamos dúvida de que o Pai está em cada um, sabe o que se passa e pode agir a nosso favor, pois nos ama incondicionalmente. Sairíamos da arrogância de querer controlar tudo e todos e viveríamos cada dia com alegria, encarando os desafios, aproveitando cada acerto e cada erro como lição aprendida.
Pensamos que amamos a Deus e nos contentamos com alguns momentos de enlevo místico quando nos apresentamos a Ele chorosos, suplicantes, desejando veladamente manipular Suas decisões. Parecemos o aluno pouco aplicado que, ao ficar de recuperação, tenta seduzir o professor para obter nota, pois não quer sentar e estudar. Não aceita privar-se das diversões a que estão entregues os que se aplicaram e foram aprovados. Vê as aulas de reforço como castigo, não como oportunidade de suprir suas deficiências. Quando os seres humanos amarem verdadeiramente a Deus sobre todas as coisas, evoluirão sem sofrimento econhecerão a paz interior. Amar a Deus, entender seus desígnios e viver em harmonia com o Amor Infinito é encontrar a felicidade.
II - Não tomar Seu Santo Nome em vão.
Todos já ouviram a afirmação “no princípio era o Verbo, e o Verbo se fez carne”. Também já ouviram que somos responsáveis pelas nossas ações,  nossas palavras e nossos pensamentos.
A palavra tem energia de criação. É a expressão de nossa alma no mundo físico. Vem carregada de ondas mentais, sentimentos e vibração sonora. Se o leitor se preocupa com a poluição do mundo físico e acredita que precisamos ter consciência ambiental, pense na poluição energética do mundo extrafísico, bombardeado por ondas mentais negativas, sentimentos de ódio, palavras carregadas de energias deletérias.
O nome de Deus, em qualquer das formas utilizadas pelas diversas culturas e religiões, deveria ser uma palavra de poder. Ao recomendar que não usássemos Seu Santo Nome em vão foi uma forma de impedir que essa palavra perdesse a força original. Se todas as pessoas pronunciassem o nome de Deus apenas com respeito e devoção, essa palavra ficaria impregnada dessa energia. Nos momentos em que precisássemos de auxílio, bastaria pronunciar Deus e tudo se transformaria. No entanto, invigilantes e inconsequentes, transformamos o Sagrado Nome em interjeição, significando muitas vezes revolta, impaciência, rejeição.
Sem falar na banalidade dos juramentos, por qualquer bobagem. Dizemos “Deus me livre”, “Ai, meu Deus do céu”, “juro por Deus”, sem o menor respeito ou sem a menor consciência de que estamos veiculando energias de baixa frequência através do Santo Nome.
 Reverter esse processo é trabalho árduo. Modificar hábitos, ainda mais vícios de expressão, exige vigilância e determinação. Mas não é impossível. No seu dia a dia, fique atento à forma como você usa o Nome.
Encontre expressões substitutas para suas exclamações. Posso sugerir “incrível”, “que coisa”, “sai prá lá”, “garanto que é verdade”, mas tenho certeza de que você encontrará sua própria maneira de respeitar o Santo Nome. Aí, sim, quando você O pronunciar, ele virá carregado de Energia Divina. Diga “Deus te abençoe”, “Deus te proteja”, “Vá com Deus”, e pode ter certeza de que uma força poderosa estará acompanhando a vibração da palavra.
Deu nos deu Seu Nome como força poderosa e nós o desperdiçamos, como desperdiçamos muitas vezes todos os nossos dons (inteligência, saúde, capacidade de trabalho, força de vontade). Pense nisso!
III - Guardar os domingos e festas de guarda.
Entre as diversas religiões derivadas do Cristianismo, há divergências quanto ao dia de “guardar-se”.
Para uns é o sábado, para outros é o domingo. Na verdade, segundo o orientador espiritual, o que importa é o sentido de recolhimento, é ter um tempo reservado para a introspecção, o contato com a Presença Divina em nossos corações.
Nas Escrituras há a ideia de que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Sabemos que é uma linguagem simbólica e que dias podem significar eras no processo da Criação, mas a determinação do repouso fica clara. Cada dia da Criação refere-se a um
aspecto de nossa existência na terra. Precisamos trabalhar pelo sustento da vida física, viver em harmonia com a Natureza, desenvolver o intelecto, aprimorar as virtudes, equilibrar as emoções, desenvolver o sentido de fraternidade e amor incondicional.
O que temos visto, porém, no homem civilizado, é uma corrida louca pelo consumo de bens materiais, um desenvolvimento tecnológico descuidado da ecologia, e, nos relacionamentos, a competição acirrada por status, poder, priorizando o individual em detrimento do coletivo. Estamos vivendo muito mais em função da vida exterior e nos esquecendo da vida interior. Poucas pessoas vivenciam a religiosidade. Entre os que ainda professam alguma crença, uma parte considerável está presa a dogmas e cultos. Vivem de acordo com as regras, na esperança de conquistar o paraíso. Predomina a ideia de que o paraíso é algo distante, só encontrado após a morte física, e não um estado interior de paz.
A orientação para reservarmos um dia para as vivencias espirituais é praticamente ignorada pela maioria. Algumas seitas proíbem as pessoas de trabalhar, de fazer isto ou aquilo, e há os que fazem vigílias de oração. São tentativas de lembrar os fiéis da necessidade do contato com Deus. Guardar o dia, no entanto, sugere um estado de recolhimento, de silêncio interior, um momento de reflexão, um estado de oração. É o momento de alimentar a fé, de reconhecer as bênçãos, de analisar atitudes, de corrigir comportamentos.
Cada um de nós precisa, dentro de sua rotina, encontrar momentos para meditar, para estar com Deus. Momentos diários de introspecção ao longo da semana, diariamente. O ideal mesmo seria viver em estado de oração, sentido a presença de Deus em cada momento de nossas vidas. Quem está constantemente em contato com essa Fonte Interior de Amor supera os desafios e as agruras do caminho com mais equilíbrio, pois a Fé e a certeza da Presença de Deus nos dá coragem e tranquilidade, por pior que seja a situação. O distanciamento de Deus está claro no aumento considerável de estados depressivos, de síndromes de pânico, no recrudescimento da intolerância e da violência, no esfacelamento das famílias, na inversão total de valores.
IV - Honrar Pai e Mãe.
Os pais são colaboradores de Deus no processo de evolução espiritual. Os seguidores da Doutrina Espírita sabem, por farta literatura a respeito, o quanto necessitamos da reencarnação para que nosso espírito evolua, desenvolva todo seu potencial, reencontre o equilíbrio nos relacionamentos. Muitas vezes, perdidos em cadeias de raivas e ódio, levamos várias encarnações alternando sofrimentos e vinganças inúteis, até que a compreensão chegue e tenhamos condição de perdoar e seguir em frente. Errar, quem não erra?
Por essa razão, disse o orientador espiritual, não importa que tipo de pais tivemos, se amorosos ou rancorosos, se atentos ou descuidados, se responsáveis ou ausentes, se conscientes ou circunstanciais: eles foram os responsáveis pela oportunidade sublime da encarnação, pela qual há milhares de espíritos implorando. Se são imperfeitos, carentes de valores morais, entregues muitas vezes à degradação, ainda assim nos deram a chance de evoluir através da vida física. E a nós, filhos, fica o dever de honrá-los, de sermos gratos à oportunidade concedida e de orar por eles, para que seus espíritos encontrem o caminho do bem e do amor e que eles resgatem seus débitos através do serviço.
Questionei o orientador a respeito de pais que maltratam, espancam, estupram, abandonam, jogam no lixo, entregam-se à bebida e às drogas, negando às crianças até mesmo o direito ao pão de cada dia. Ele foi incisivo: “As mazelas de vossa sociedade são um resultado da doença coletiva de vossas consciências”.  
Houvesse já florescido entre vós a semente pura da caridade e da fraternidade, muitas dessas misérias e dores já teriam desaparecido. O Mestre Jesus, em sua peregrinação na Terra, andava distribuindo consolo, amparo, amor e carinho. E foram  ele as palavras - Não julgueis para não serdes julgados. É mister que cada um de vós se empenhe em educar os que estão à sua volta, exortando-os ao Amor e ao Perdão. Só a educação dentro de valores espirituais pode reverter esse quadro doloroso de iniquidades. Que vossa sociedade se organize, que espíritos conscientes se empenhem na reformulação de leis, que medidas sejam tomadas em defesa dos que sofrem. Contudo, guardai-vos de julgar em vossos corações e evitai despejar ódio e rancor onde já há tanta miséria. Sede caridosos, orai por eles, fazei vossa parte no seu dia a dia.”
Vamos agradecer todos os dias àqueles que nos geraram, pela oportunidade, àqueles que nos criaram, pelo carinho e amparo. E que Deus os abençoe.
V - Não matar.
Esse é provavelmente um dos mandamentos mais desrespeitados pela humanidade. Mesmo aqueles que estão ligados às religiões, como nos mostra a História, em determinados momentos acreditaram que poderiam matar em nome de Deus. Assim tivemos as Cruzadas, a
Inquisição, as Guerras Santas, o terrorismo religioso, tudo isso fruto de uma distorção fanática da religião.
Milênios se passaram depois de Moisés e as tábuas da Lei, mas os homens continuam guerreando, promovendo extermínios em massa, usando a inteligência para criar mais e mais artefatos bélicos, em nome da ganância e da sede de poder. E há ainda a pena de morte, quando pessoas que falam em nome da justiça acreditam que podem matar. Mesmo que se trate de criminosos terríveis, continua sendo uma violação ao mandamento.
No entanto, nem só tirar a vida física de alguém significa matar. Conforme nos disse o mentor, matamos quando desrespeitamos a natureza, causando desequilíbrios naturais; matamos quando nos entregamos à ganância e ao desperdício, às futilidades sem conta,
esquecendo que esses recursos poderiam tirar alguém da fome; matamos quando tiramos a oportunidade de alguém, numa competição desleal; matamos quando somos detentores de imensos recursos ou ocupamos um cargo no poder e não fazemos nada para criar oportunidades de trabalho ou incentivar a educação; matamos quando nos omitimos; matamos quando, mesmo não levantando uma arma, desejamos intimamente o
mal de alguém; matamos quando nos entregamos à maledicência, colaborando para destruir a vida das pessoas; matamos quando, em nossa intolerância, criticamos, humilhamos, desprezamos, negando ao nosso irmão o amor e a caridade.
Há dois mil anos, o amado Rabi da Galiléia nos trouxe o exemplo máximo de Amor e compaixão. Seus ensinamentos são repetidos incansavelmente, lidos e relidos nas páginas do Evangelho. Mas quanto dessa imensa sabedoria já está incorporada em nossas atitudes?
Em nosso dia a dia, agimos com amor e perdão? Abençoamos os inimigos? Pedimos a Deus por aqueles que se encontram no desvio do caminho, cometendo atrocidades? Ou ainda nos entregamos sem nenhum controle à raiva, ao ódio, ao desejo de vingança?
O alerta do amigo espiritual é para que repensemos nossas atitudes, ficando atentos aos nossos pensamentos e desejos mais ocultos. Enquanto não conseguirmos fazer a paz dentro de nós, não veremos paz entre os homens. Se não combatermos os nossos preconceitos, não cultivarmos a misericórdia e o respeito pela vida, estaremos desrespeitando o mandamento. Sabemos quanto uma ingratidão, uma deslealdade, uma traição podem ferir profundamente. Precisamos realmente aprender a fazer ao outro apenas aquilo que gostaríamos que fosse feito a nós mesmos.
VI - Não pecar contra a castidade.
Responsável por intermináveis polêmicas, esse mandamento tem sido ignorado através das gerações.
A repressão à sexualidade é, com certeza, a causa de um comportamento libertino. Como se pode represar essa força? Como um rio, ela precisa fluir. Faz parte da natureza humana e, mesmo que não queiram os mais radicais, é também criação Divina. Se o rio flui naturalmente, sem grandes empecilhos, é fonte de vida. Porém, ao ser represado, acumula sua força e, rompendo-se as barreiras, causa grandes estragos. De pouco adianta vigiar, taxar como pecado, como coisa feia, proibir mesmo. A sexualidade reprimida pode causar comportamentos pervertidos, como pedofilia ou outras formas de violência.
Ser casto, para o orientador espiritual, é respeitar a manifestação sexual da mesma forma que respeitamos nossa inteligência, nossos sentimentos, nossa saúde física, nossas necessidades básicas de alimentação e repouso. Em qualquer das áreas de nossa vida, exageros e desregramentos são prejudiciais. Não vamos aqui entrar numa abordagem moralista. O que queremos, na verdade, é que cada um se lembre de que o corpo físico é o templo de seu espírito, e que o espírito é emanação de Deus. Toda manifestação de nosso espírito é muito mais do que só uma função fisiológica. Nosso pensar não é apenas função cerebral. Nosso sentir não está condicionado apenas às sensações do sistema nervoso. Nossa sexualidade é muito mais do que apenas reações fisiológicas de prazer.
E há que ser responsável no exercício da sexualidade. Métodos contraceptivos são uma opção bem melhor que o aborto (não matar, lembram-se?). E ser responsável pela educação, sustento e amparo de amor ao filho gerado também é imprescindível.
Sexualidade com consciência, expressão de afeto, união de dois seres que se amam e se respeitam, sem desvios ou perversões que possam transformar esse ato sublime em motivo de dor e sofrimento, sem a irresponsabilidade do abandono de menores, é, sem dúvida, expressão de nossa alma.
 Vamos educar nossas crianças com naturalidade e respeito. É preciso colocar limites nessa desenfreada “sexualização” da infância. O desenvolvimento não pode queimar etapas. Criança é criança, não miniatura de adulto. Os pais precisam observar a programação a que seus filhos assistem. A criança é uma esponja, sem filtro de bom senso. Desvirtuar a infância e a juventude é criar adultos inconsequentes.
VII - Não furtar.
Não vamos aqui nos referir aos bens materiais; para isso, há legislações nas sociedades visando coibir os abusos dessa espécie. Queremos falar de algo mais amplo. Partindo do princípio de que furtar significa tirar algum bem que pertença a outrem por direito, podemos citar um sem número de furtos não materiais.
Furtamos ao abusar do tempo ou do trabalho de outra pessoa quando poderíamos executar nós mesmos aquela tarefa. Incluímos aqui atitudes comodistas, preguiça, desconsideração. É muito comum nas famílias.
Uma única pessoa fica sobrecarregada e os demais não colaboram. Muitos pais, na ânsia de fazer o melhor por seus filhos, pensam apenas no material e facilitam para eles o consumismo e as exigências supérfluas. Esquecem-se dos valores morais. “Compram” o que eles pensam ser o amor de seus filhos com dinheiro, facilidades, presentes. Para isso, muitas vezes, trabalham excessivamente, negando aos filhos o calor de sua presença, o convívio salutar.
Nessa inversão de valores, “furtamos” de nossas crianças o direito à formação moral, “furtamos” o direito ao carinho e à atenção, negamos os limites que fariam deles pessoas equilibradas e responsáveis. O resultado está aí: jovens completamente sem orientação, entregues aos próprios caprichos, incapazes de suportar uma frustração, buscando alternativas perigosas para preencher o vazio interior.
Por outro lado, muitos adultos se recusam a assumir a própria vida e passam muito tempo responsabilizando os pais, acreditando que eles têm obrigações infindáveis. Exploram o trabalho das mães, delegam os próprios filhos aos avós cansados, não percebem que estão “furtando” o direito deles ao descanso, o direito a receber mais atenção nessa fase da vida.
E há ainda o “furtar a si mesmo”. Estamos tão voltados para o mundo material que nos esquecemos das necessidades de nossa alma. Não nos permitimos um mínimo de recolhimento, de silêncio interior, de contato com a nossa essência. Trabalhamos demais, agitamos demais, poluímos a mente com excesso de informações muitas vezes totalmente inúteis e prejudiciais.
Como não nos respeitamos, ficamos sem energia, frágeis, vulneráveis, carentes e, sem que nos demos conta, “furtamos” nossa saúde física e emocional. Ficamos o tempo todo voltados para o exterior, exigindo das outras pessoas a atenção que não nos damos. Usamos de chantagens afetivas, cobranças, fazemos drama e acabamos por “furtar” energia vital daqueles a quem dizemos amar. Por medo de não sermos amados, somos incapazes de dizer não. Permitimos o abuso. Os outros nos “furtam” porque nós também nos “furtamos”.
Há outros tipos de furto: a mídia, quando invade a privacidade das pessoas apenas com objetivo de satisfazer a curiosidade e vender a notícia; o político que não cumpre o que promete; o lucro abusivo de algumas empresas e instituições; a utilização de trabalho escravo ou a remuneração indigna; o paternalismo, que convence as pessoas de que são incapazes e devem viver de favores governamentais; o descaso com a educação e a saúde pública; o desperdício; o desrespeito à natureza; e assim por diante.
Os leitores, com certeza, têm condições de analisar suas vidas, suas atitudes e de mudar para não violar com tanta frequência o sétimo mandamento.
VIII - Não levantar falso testemunho.
Hábito pernicioso, a fofoca é responsável por muitos mal-entendidos, grandes encrencas, e pode prejudicar seriamente as pessoas. Difícil resistir a uma revelação indiscreta, não? É só um comentário, dizem uns, é curiosidade inocente, dizem outros. No entanto, só quem foi vítima de maledicência pode avaliar a extensão do mal que ela causa.
Na maior parte dos casos, o “informante” está apenas conjecturando, usando a imaginação viciada em ideias maldosas. O “comentário” quase sempre vem seguido de expressões como “não tenho certeza, mas onde há fumaça, há fogo...” ou “ouvi de fonte confiável”. Pronto. O mal está feito. Palavras ditas de forma inconsequente, eivadas de imaginação perniciosa e que podem causar a ruína das pessoas.
Lembrem-se: Palavras lançadas ao vento, não há como recolhê-las. Uma vez iniciado o boato, este se espalha como rastilho de pólvora, manchando sempre a reputação de alguém de forma indelével.
A espiritualidade nos pede atenção com as palavras e reeducação. Calar é um ato de caridade. Não propaguem algo só porque ouviram dizer. A palavra tem força de criação e movimenta muita energia. Devemos usá-la com parcimônia, apenas com fins benéficos.
No dia a dia, procurem falar sempre o bem. Avaliem, em cada situação, se seus comentários são realmente necessários e se podem, de alguma forma, contribuir para o bom encaminhamento da questão. Não falem apenas por falar, malbaratando esse dom sagrado da comunicação.
Quando perceberem um grupo entusiasmado fazendo comentários depreciativos, não se unam a ele. Se possível, procurem mudar o rumo da conversa. Se lhes solicitarem opinião, abstenham-se. Digam simplesmente que desconhecem o fato.
Quem não tem nada de bom para falar, precisa aprender a calar-se. Levantar falso testemunho é, com certeza, um dos vícios mais difíceis de combater.
IX - Não desejar a mulher do próximo.
Nesta época de liberação dos costumes este mandamento pode parecer anacrônico. O conceito de família sofreu grandes transformações, preconceitos foram vencidos e a ideia de “posse” sobre as pessoas está enfraquecida. Para a mulher essas mudanças de costumes foram, sem dúvida, benéficas em muitos aspectos.
A mulher hoje, em muitas sociedades, já não é mais “propriedade” do pai, do marido, ou objeto de negociação para casamentos de conveniência.
No entanto, mesmo com novos padrões, é necessário entender o que são condutas éticas ou antiéticas.
Homens e mulheres, diante do afrouxamento do controle social referente à expressão da sexualidade, precisam pautar suas atitudes por respeito, lealdade, responsabilidade. Observamos nas relações baseadas apenas no desejo e na satisfação física um descaso, um não comprometimento, uma superficialidade. É a lei do “vale tudo” e do “não me responsabilizo por nada”.
A mudança de costumes não exime as pessoas de responder por suas escolhas. As conquistas morais da humanidade, sinais de evolução espiritual, não podem simplesmente ser abolidas sem causar consequências.
Enganar, trair, abusar da boa fé, são atitudes condenáveis em todos os aspectos da vida. Gerar filhos e descuidar-se deles, explorar o parceiro usufruindo facilidades econômicas ou serviços básicos (casa, comida, roupa lavada) enquanto busca prazer em relacionamentos escusos, não são atitudes lícitas, nem mesmo no momento atual.
Infringe o nono mandamento tanto aquele ou aquela que trai quanto aquele ou aquela que aceita a traição, relacionando-se com pessoas comprometidas. Não há corrupção sem o corruptor e o corruptível. As pessoas não são “propriedades” umas das outras, mas se há necessidade de buscar novos parceiros, que a situação seja clara, jogo limpo. A melhor atitude é enfrentar a situação, esclarecer, encerrar o relacionamento de forma sincera, honesta, sem fugir de compromissos assumidos, para depois partir para outro.
É preciso respeitar o livre arbítrio. Ninguém pode ser feliz constrangendo o outro, chantageando, exigindo um amor que já não existe. Crises de ciúmes, vinganças que comprometem o equilíbrio psicológico dos filhos não são atitudes éticas. Se o outro ou a outra
está buscando novos parceiros, algo não vai bem. Só o diálogo sincero, respeitoso e ponderado pode conduzir à melhor escolha: uma nova oportunidade dentro do relacionamento, de comum acordo, com propostas de melhores atitudes de ambas as partes, ou a separação sem ofensas, sem agressões, para que cada um encontre um novo caminho sem ódio, mágoa ou rancor.
X - Não cobiçar as coisas alheias.
Esse é o mandamento que visa coibir um sentimento pernicioso: a inveja. O dicionário define inveja como: Desgosto pelo bem alheio; desejo de possuir o que outro tem (acompanhado de ódio pelo possuidor).
A inveja amarga a vida. Quem não suporta o sucesso alheio é porque se desvaloriza, sente-se inferior. As conquistas dos outros evidenciam seus fracassos e, ao invés de reconhecer e manifestar os próprios talentos ou de buscar melhorar através de estudo, dedicação, força de vontade, o invejoso prefere julgar-se vítima da sorte, injustiçado pela vida. Destila seu fel contra tudo e todos, tornando-se infeliz.
“Não cobiçar as coisas alheias” é aceitar que a Bondade Divina coloca na vida de cada um aquilo que é necessário ao seu desenvolvimento e evolução. Nem sempre o que cobiçamos seria o melhor em nosso estágio evolutivo. O empenho em conquistar o que nos falta desenvolve nosso potencial, estimula nossa criatividade, torna-nos mais disciplinados e perseverantes.
Há um ditado antigo que diz: “A galinha do vizinho é mais gorda”. Quem tem por hábito desejar o que o outro possui, desvia a atenção de si mesmo e não reconhece as bênçãos da própria vida. Trabalha, ganha o suficiente para suas necessidades, tem onde morar, tem saúde. No entanto, vive infeliz porque o vizinho tem um carro de luxo, viaja muito, trabalha pouco. Não percebe nem por um instante que não está doente, não vive na miséria e, se quiser melhorar, é só empenhar-se com vontade. Não passa pela cabeça do invejoso que as conquistas alheias podem ser o grande teste para a evolução de seus espíritos.
Quem fica focado na vida do outro perde os parâmetros da própria vida. Vive desmotivado, acomoda-se no vitimismo e irradia uma energia deletéria. O décimo mandamento é um santo remédio contra a infelicidade. Aceite o que não puder mudar, mude o que estiver ao alcance de seu esforço e empenho, mas não se entregue às lamúrias e à inveja. A inveja mata. Mata a alegria, mata a vontade, mata a possibilidade de progresso. E embora muitos temam ser invejados, é certo que a inveja prejudica muito mais o invejoso.
Deixamos aqui trecho de um soneto de Raimundo Correa, para refletir:
“Se a cólera que espuma, a dor que moraN’alma, e destrói cada ilusão que nasce,Tudo o que punge, tudo o que devoraO coração, no rosto se estampasse;Se se pudesse o espírito que choraVer através da máscara da face,Quanta gente, talvez, que inveja agoraNos causa, então piedade nos causasse!”
Fonte: Maria Lúcia Sene Araújo | www.samadhi.com.br


O Urso e a Panela


Um texto para nossa mudança em relação ao futuro.


O urso e a panela

“Um grande urso, vagando pela floresta, percebeu que um acampamento estava vazio. Foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida. Abraçou a panela com toda a sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo.

Enquanto abraçava, começou a perceber que algo o atingia. Na verdade, era o calor da panela... Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e onde mais a panela encostava. O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria tirar-lhe a comida. Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto urrava, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a panela o queimava, mais ele a apertava contra o corpo e mais alto urrava. Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore, segurando a tina de comida. O urso tinha tantas queimaduras que estava grudado na panela e, mesmo já morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo”. 

Ao ouvir esta história de um mestre e amigo, percebi que, em nossas vidas, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos serem importantes. Algumas delas nos fazem gemer de dor, queimam-nos por fora e por dentro, e mesmo assim nos mantemos apegados a elas. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos. Em certos momentos, é necessário reconhecer que nem sempre o que parece ser a salvação nos dá condições de prosseguir.

É impressionante como a muitas pessoas não têm consciência do sentimento de apego. Apegam-se a idéias, emoções, crenças, hábitos, objetos, pessoas, situações, mágoas, frustrações e - pasmem!- até a doenças. O medo do desconhecido é tanto que ficam presas ao que lhes parece familiar e seguro. Referem-se a tudo com um sonoro pronome possessivo: meu filho, minha roupa, meu emprego, meu modo de pensar, meu trauma, minha crise, meu fracasso, minha gastrite, minha depressão... e por aí vai.

Li no livro “Alegria e Triunfo”, de Lourenço Prado, o caso de uma senhora que fazia terapia por ter perdido um filho e estar muito abalada. Quando a terapia começou a surtir efeito, ela interrompeu bruscamente. Numa carta ao terapeuta, justificou que não poderia continuar, pois se surpreendeu sorrindo novamente. Como uma mulher que perdeu um filho poderia voltar a sorrir?!! O apego à crença de que nenhuma mãe pode ser feliz se perder um filho impediu-a de aceitar que estava viva e tinha direito à felicidade.

De todos os apegos talvez o mais pernicioso seja aquele que nos faz reter ressentimentos. As mágoas, frutos das expectativas de que o outro deve corresponder aos nossos anseios e fantasias, são sentimentos cáusticos que corroem a vida de quem insiste em alimentá-las. Ao nos defrontarmos com pessoas amargas, insatisfeitas, entregues ao vitimismo, podemos ter certeza de que carregam, como se fossem tesouros, inúmeras mágoas. Muitas vezes transformam esses sentimentos em “meios de vida”, ou seja, recontam suas histórias, as injustiças que sofreram, as ingratidões que receberam, para com isso fazerem jus à simpatia alheia, obtendo a atenção que acreditam necessitar.

Aos poucos, essas pessoas vão se tornando enclausuradas em suas memórias dolorosas e não percebem o quanto estão deixando de viver, crescer, evoluir. Cultivam as próprias dores, identificam-se com elas e recusam-se a deixá-las ir, por mais que isso as faça sofrer. Acabam, com essa atitude, afastando a todos de seu convívio.

Perdão é o desapego da mágoa. É o sentimento de libertação, é o alívio incondicional, é o lenitivo infalível para as mazelas da alma. Ao contrário do que se costuma pensar, perdoar beneficia muito mais o ofendido do que o ofensor. Quando perdoamos, livramos nossos corações de um peso indesejável, de um sentimento corrosivo que nos consome e nos impede de cumprir o Plano Divino de nossa vida na Terra. Carregar indefinidamente um lixo emocional que nos abala e nos faz perder a vontade de ser feliz é uma atitude suicida.

Perdoar é compreender que cada um age de acordo com o que sabe. É admitir que somos todos seres em evolução, mas que falhamos muitas vezes por ainda não estarmos plenamente desenvolvidos. É reconhecer que o agressor, na maioria das vezes, está precisando de mais socorro do que o agredido. É libertar o outro do nosso sentimento desequilibrado, para dessa forma ficarmos livres e leves para prosseguir nossa jornada.

Permita-se ficar curado. Perdoe hoje todos aqueles que, consciente ou inconscientemente, o tenham agredido de alguma forma. Perdoe seus pais, professores, amigos, filhos, cônjuges, etc. Pense que cada um agiu como sabia, dando o que melhor podia de si em cada momento. E, acima de tudo, perdoe-se! Desapegue-se de suas culpas, suas frustrações, seu excesso de autocrítica.

Ame ao outro e a si mesmo, beneficiando-se da magia sublime do perdão que cura e transforma.

Tenha a coragem, a visão e o amor que o urso não teve. Observe e compreenda o padrão de carência que te faz agarrar uma coisa até o "fim", e tire de seu caminho tudo aquilo que te faz arder além da medida. SOLTE A PANELA!

Maria Lúcia Sene Araújo

Fonte: www.samadhi.com.br